Depois de vasculhar algumas das partes mais sórdidas da cidade, Marco e eu conseguimos encontrar o sobrinho de Renaldo do lado da esposa. Não demorou muito para conseguirmos encorajar Frankie a ligar para o tio pedindo ajuda.
O garoto devia estar nos seus vinte anos, ou algo do tipo. Ele era de altura mediana e tinha cabelos escuros e brilhantes penteados para trás, estilo gangster retrô. Eu meio que esperava vê-lo começar a entoar músicas do Grease.
Obviamente ele não tinha negócios por ali.
O local do encontro foi definido para um dos meus armazéns vazios. Deixei claro para Renaldo quando pegamos o garoto que ele tinha uma hora para aparecer, ou Frankie desapareceria. Foi um palpite calculado, mas de alguma forma, por mais que eu soubesse que o safado poderia não se importar com o sobrinho, imaginava que a Sra. Renaldo poderia ter outra opinião.
Cinquenta e oito minutos depois, um homem abre a porta lateral. Eu faço Marco apontar a arma para ele enquanto aguardo para ver qual seria a artimanha de Renaldo. Gina seria uma atiradora melhor, mas eu não queria que ela ficasse na linha de fogo agora que estava grávida. Sou totalmente a favor da igualdade entre os sexos, mas não estou disposto a comprometer uma criança que ainda não nasceu.
"Onde está o Frankie?" o capanga grita enquanto mexe na arma em seu bolso.
Eu não respondo porque não há razão para interagir com esse idiota. Posso ver que ele está nervoso, e um atirador nervoso é sempre uma ameaça. Mas eu o encaro sem demonstrar nenhuma emoção no meu rosto.
Existe uma razão pela qual eu tenho a reputação de ser um assassino frio.
Esse sou eu, maior que a vida, eu sou um filho da mãe durão que você não quer bater na sua porta.
O homem cede, como eu sabia que faria. "Preciso ligar para o chefe."
E agora eu falo. "Fique à vontade, use meu telefone."
Ele empalidece porque sabe que, se quiser evitar um tiro na cabeça, fará as coisas do meu jeito.
É como uma dança coreografada, mas meu oponente não está ciente dos passos. Eu sei como me comportar, quando me aproximar e quais botões apertar.
Com passos hesitantes, ele se aproxima de mim e estende a mão.
"Me dê o número." É uma ordem, não uma pergunta e o homem repete o número do telefone.
Depois de dois toques, Renaldo atende. “Jennings.”
Renaldo não finge não saber quem eu sou ou o porquê da minha ligação. Você não chega ao topo desse campo sem aprender a calcular as estatísticas de qualquer situação.
“O meu cara ainda está vivo?”
Ele me perguntou isso no mesmo tom que alguém perguntaria se você quer um sanduíche de peru.
“Por enquanto,” eu respondo e gesticulo para o homem dele se afastar de mim.
Marco capta a dica e arrasta Frankie para frente. Sua arma ainda está mirada no outro homem. Frankie não é uma ameaça. O coitado do garoto se mijou mais cedo e eu quase senti pena—quase.
“E o Frankie?” Renaldo pergunta.
Estendo o telefone e Marco arranca a mordaça da boca de Frankie.
“Diga olá para o seu tio,” eu instruo, e Frankie faz o que foi dito.
“Satisfeito?” Coloco o telefone de volta no meu ouvido, esperando para ver se Renaldo vai jogar ou não.
Renaldo limpa a garganta. “Nós normalmente não pisamos nos pés um do outro, Jennings. O que está acontecendo?”
“Você tem um novo trabalho, o ataque a Sherry Montgomery.”
Eu ouço a respiração dele. “Eu não sei do que você está falando.”
Reviro os olhos e olho para Marco, que imediatamente dispara um único tiro para o ar.
Renaldo entra em pânico como eu esperava que fizesse.
"Espera aí, porra, só um instante."
"O tempo está passando, Renaldo". Minha voz é ameaçadora porque eu sei que esse bastardo é covarde secretamente.
"Chegou hoje de manhã", ele resmunga insatisfeito. "Por que você se importa? Quem é a menina para você?"
Quero negar que a conheço, mas uma reação instintiva é o que ele está procurando para ganhar a vantagem.
"Esse é o meu trabalho", digo ameaçadoramente. "Você está pisando nos meus calos, Renaldo?"
Consigo imaginar o pequeno italiano suando como um porco, ele é tão previsível quanto covarde.
"Eu não sabia", ele se apressa em dizer. "Eu não vou tocar, eu juro."
"Não é bom o suficiente", respondo. "Quem colocou o alvo?"
Essa é uma pergunta difícil, pois Renaldo sabe que se ele apontar sua fonte, ele será um homem morto. E se ele não me der as informações que eu quero, eles serão todos homens mortos.
"Você sabe que eu não posso fazer isso", o tom é quase suplicante.
Aceno para Marco, que atira no homem não identificado na coxa. O som reverbera pelo armazém vazio, exatamente como eu sabia que faria. O grito do homem é semelhante ao de um porco gritando, mas eu nem se quer me mexo. Eu acabei de brincar.
"Chega de chances, Renaldo."
"Redmont", ele solta, "Porra! Não atire em mais ninguém! Olha, ele quer a garota morta, aumentou o preço para cinco milhões."
"Por quê?" Lutei para manter a emoção longe da minha voz. É fundamental não dar a ele nenhuma vantagem sobre mim ou minha equipe.
"Ela entregou um dos melhores traficantes dele", Renaldo começa.
"Acabe com o garoto", eu interrompo. Sei que Marco não vai atirar em Frankie. Se alguém fizesse isso, seria eu, e o garoto não merece morrer.
"Merda, merda, merda!!" Renaldo grita, "Eu vou te contar!"
Eu permaneço em silêncio porque ele precisa ser lembrado de quão mortal eu posso ser.
"É a namorada dele, ele é louco por ela, e ela odeia a garota. Ele não se importa com o dinheiro; você sabe que para ele é apenas uma gota no oceano. Mas a namorada dele quer Montgomery morto."
Eu limpo minha garganta. "Você está tentando me dizer que essa é uma briga de galinhas?"
Ele começou a me irritar e estalo meu pescoço para me manter estável no momento.
"Juro por Deus," Renaldo está tagarelando como um sabiá.
"Qual o nome da namorada?" Eu respondo brevemente.
"Eu não sei o sobrenome dela, merda, é algo como Emily ou Elaine — não, é Esme. O nome da garota é Esme."
"Por que ela está contra Montgomery?"
Renaldo é rápido em responder, "Eu não sei, cara. Eu não sei."
Neste ponto, nada mais resta a ser dito. Renaldo é um covarde, mas não um idiota. Ele sabe que se me trair, vai parar no céu.
Eu termino a chamada e passo o celular para o homem que está tentando não deixar a perna sangrar. Marco soube exatamente onde atirar para evitar as principais artérias, mas o homem está chorando como um bebê.
Eu agarro Frankie pela gola. Ele não consegue me ver através da venda nos olhos, e está tremendo como uma folha.
"Você precisa encontrar outra profissão." Eu torço a gola dele só o suficiente para ser doloroso e então faço um gesto para Marco de que nosso tempo aqui acabou.
Sem dar uma segunda olhada, nós dois saímos do armazém. Talvez eu estivesse ficando demasiado cínico para isso porque não me importava que aquele homem ainda estivesse gritando ou que o Frankie estivesse chorando. Eles eram idiotas que se envolveram com o homem errado. Renaldo não era apenas um mercenário, mas também administrava um negócio lucrativo de lavagem de dinheiro e estava envolvido em vários esquemas de jogo obscuros.
Expirei profundamente e Marco olhou para mim, questionando.
Arqueei uma sobrancelha. "Precisamos conversar sobre algumas coisas."
Sua expressão não mudou, como eu sabia que não mudaria. Marco não era apenas meu funcionário, mas também meu amigo de confiança.
"O que você vai fazer sobre a Gina?" Perguntei sem rodeios.
Ele pareceu levar minha pergunta como um golpe.
"Não é meu maldito filho", disse ele com raiva.
Ri, e isso pareceu irritá-lo. Marco apertou as mãos, e eu não resisti a provocá-lo um pouco.
"Você vai me bater?"
Ele balançou a cabeça, "Não."
"Por que você acha que não é seu filho?"
Ele cerrava os dentes, "Ela disse que não era, e as datas não batem."
Sorri para ele. Pobre e estúpido Marco, ele não conseguia ver que Gina estava tão apaixonada por ele.
"E você acreditou nela?"